O escravo capoeira – Meet Mestre Toni Vargas
Been listening to Mestre Toni Vargas constantly for the last couple of months. I really like his lyrics, his carioca accent and way of thinking, and his deep, hoarse voice.
”O ESCRAVO CAPOEIRA” – The Capoeira Slave
ESCRAVO NEGRO, ESCRAVO BRANCO. SOMOS TODOS VIOLENTADOS PELOS MESMOS SENHORES QUE NOS HUMILHAM, INDIFERENTES À RAÇA OU CREDO. NOS COLOCAM UNS CONTRA OS OUTROS PARA QUE NOS DESTRUAMOS.
Black slave, white slave. We are violated by the same masters who humilliate us, indifferent to race or creed. They divide us so they can destroy us.
ESCRAVO NEGRO, ESCRAVO BRANCO. SOMOS TODOS CHICOTEADOS ATÉ A MORTE E DE NOSSOS LÁBIOS RESSEQUIDOS BROTAM VERSOS. VERSOS E CANÇÕES.
Black slave, white slave. We are whipped to death and from our dry lips verses bloom. Verses and songs.
SUAS CORRENTES NÃO AMARRAM NOSSAS ALMAS. ELAS VOAM. VOAM E SONHAM. E ENQUANTO OS ESCRAVOS SONHAREM NÃO SERÃO COMPLETAMENTE ESCRAVOS. VOCÊS SÃO POUCO PARA O NOSSO SONHO, SÃO POUCO PARA NOSSA ARTE. A SUA FORÇA JAZ SEM SENTIDO SOB A MELODIA DENGOSA DE UM BERIMBAU….
You chains can’t keep our souls down. They fly. Fly and dream. For as long as slaves dream they won’t be completely enslaved. You have no effect on our dreams, you have no effect in our art. Your strength lies powerless under the enchanting melody of the berimbau
11 Nov 2014
Here’s another song, loosely translated:
A Capoeira não tem apenas uma verdade. Ela tem várias verdades, e várias outras verdades que se fazem a cada roda, a cada toque do berimbau. Por isso a Capoeira não pode ter um dono. E muito menos um dono da verdade. Nós temos que ter humildade pra deixar a Capoeira no levar pelo mundo afora, pelos mistérios…
Capoeira doesn’t have just one truth. It has many truths, and many other truths that are made in every roda, with every berimbau chord. Because of this Capoeira has no owner. And much less an owner of the truth. We must have the humility to let Capoeira take us out into the world, through its mysteries.
Você que é dono da verdade. Você que é dono da verdade Dono do certo e do errado. O seu caminho meu “compadi” ta cada vez mais apertado. Você quer sempre ter razão. Mas anda muito equivocado.
You, owner of the truth, owner of right and wrong. Your path is, my comrade, is getting narrower by the day. You always want to be right, but you are very mistaken.
Você defende a negritude mas age como um feitor. O orgulho vaza na atitude. É um discurso sem valor. Um pouco mais de humildade faria bem para o senhor. Olha essa sua prepotência. Esse seu ar superior pode levá-lo a decadência. Pode afastá-lo do axé. Sapato grande em pé pequeno Acaba machucando o pé.
You defend blackness but act like a gangsman. This pride is meaningless due to your attitude. It’s a worthless discourse. A bit more humility would do you good. Look at your arrogance. This air of superiority might be your downfall. Might take you away from axé. Big shoes on small feet hurt.
There’s a bit of history behind this song and it’s directed to a person in particular, perhaps not necessarily entirely fairly. Still, the words alone stand as pure. A sentiment shared by Mestre Pastinha too, that Capoeira is for all and belongs to all.
30 Sep 2016
While looking for something else, as it’s often the case, I stumbled on two amazing videos of Mestres Toni Vargas, Brasilia and Boca Rica singing together, and in there Toni Vargas’ sings his own version of verses of ‘Mandei caiá meu sobrado’ which Paula and I transcribed as I wanted to understand his interpretation of it.
(chorus)
Mandei, caiá meu sobrado
Mandei, mandei, mandei
Mandei caiá de amarelo
Caiei, caiei, caiei!
1:20 Toni Vargas
Na volta que o mundo deu
Na volta que o mundo dá
Andei até vê
Cheguei no mesmo lugar
Seu Peixinho não morreu
Sua história não tem fim
Ele está dentro da gente
Tá vivo dentro de mim (Vam’bora galera!)
Eu vou dar a volta ao mundo
Pra ver o que Deus me dá
Hoje eu posso com a mandinga, meu velho,
já carrego o patuá, eu mandei caiá
Foi bonito esse disco
Que a gente gravou
Saí pelo mundo cantando feliz da vida
As coisas que o seu Boca Rica me ensinou, eu mandei caiá
Capoeira é ensinamento
do fundo do coração
É jogo que tem mandinga
tem malícia e inspiração, eu mandei caiá (Vam’bora!)
A capoeira é nossa vida
Ela é nosso suporte
Quando estamos assim tão juntos
A gente fica mais forte, eu mandei caiá!
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From Toni Vargas Facebook page (born in 05 April 1958)
1º Mestre formado Pelo Mestre Peixinho do Grupo Senzala e um dos fundadores do Centro Cultural Senzala. Entrou na capoeira aos 10 anos, com Mestre Rony, do Grupo Palmares de Capoeira, em um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Nos meados dos anos 70, passou a praticar capoeira no bairro da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, com Mestre Touro – Grupo Corda Bamba. Após alguns anos direcionou sua capoeira para zona sul do RJ, em Copacabana na Travessa Angrense – Grupo Senzala, com Mestre Peixinho, onde até hoje segue seus ensinamentos e sua trajetória neste plano terrestre.
1st Mestre graded by Mestre Peixinho, in 1985, – ‘Grupo Senzala’ and one of the founders of the ‘Centro Cultural Senzala’. He started Capoeira age 10, with Mestre Rony, of ‘Grupo Palmares de Capoeira’ in the North Zone of Rio. In early 70s he started practising in Penha, a Rio suburb, with Mestre Touro – ‘Grupo Corda Bamba’. A few years later he started training in the South Zone of Rio, Copacabana, with Mestre Peixinho at ‘Grupo Senzala’ where, to this day, he follows his teachings and trajectory in this terrestrial plane.
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Antonio César de Vargas, nasceu em 5 de abril de 1958, começou capoeira em 1968 com o Mestre Rony (do Grupo Palmares de Capoeira). Depois foi aluno do Mestre Touro, do grupo corda Bamba, na qual teve a honra de ser Cordel Azul. Em 1977 ingressou no grupo senzala para ser aluno do Mestre Peixinho que o formou com a corda vermelha em 1985. É formado em Educação Física e pós-graduado em dança. Participou de diversos discos e tem músicas gravadas em vários CD´S.
Mestre Toni Vargas é um dos maiores poetas da capoeira – foi homenageado pela Superliga Brasileira de Capoeira como um dos melhores do século em Curitiba – PR pelo Mestre Burguês em 09/09/2000. Palavras do Mestre Toni Vargas: “Morei no Engenho de Dentro, subúrbio do Rio. Lá, eu tinha um grupo de amigos muito especiais: nós éramos mais que amigos, éramos irmãos de capoeira e de farra nas rodas da vida. Ali, eu vivi meus encontros mais espontâneos com a capoeira, o lado moleque, a vadiação, o treino na terra, sem mestre, sem nada.
O prazer de cantar e tocar berimbau à vontade (naquela época para tocar em uma roda tinha que ser bamba), o prazer de descobrir na capoeira uma saída para a nossa pobreza, para os conflitos da adolescência, para inaugurar um estilo de viver. Meus amigos eram negros e eu também. Eu era “Black Power”. Minha dança era negra, minhas namoradas eram negras e o que eu mais amava – a capoeira – era negra. Entrei na capoeira aos 10 anos, com Mestre Rony, do Grupo Palmares de Capoeira, em um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi a chance da minha vida. Infelizmente, ele já se foi. E seu final foi de miséria, loucura e dor como, aliás, o de muitos que ajudaram a capoeira e não puderam ter um final digno.
Creio que seja responsabilidade de todos os capoeiristas lutarmos para que, hoje em dia, isso não mais aconteça. Nos meados dos anos 70, passei a praticar capoeira no bairro da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, com Mestre Touro – Grupo Corda Bamba. Ele foi meu segundo mestre. No grupo Corda Bamba, eu tive a oportunidade de conhecer grandes mestres. E, certamente, beber o axé de Mestre Touro, foi fundamental na minha história de capoeira. Com o mestre Leopoldina eu não tive a honra de treinar, mas considero-me um pouco seu aluno. O mestre é daqueles que, parado ao seu lado, já está te ensinando. Eu, sempre que posso, fico ali “aprendendo de estar do lado”. Aliás, antigamente era assim, não havia um ensino sistemático da capoeira, não havia métodos e nem didáticas. Era seguir o mestre, ficar atento, e procurar transformar aquilo em alguma coisa sua. O mestre Leopoldina quando canta, toca ou joga, ensina. Quando conta suas incríveis histórias, ensina. Quando sorri ou nos recebe em sua casa, ensina. Enfim, o mestre não precisa dar aulas para ensinar: ele é o próprio ensinamento.”