13 November 2015 – Mestre Pastinha’s in Memoriam
Today is the anniversary of Mestre Pastinha’s death, 13/11/1981. A version of a documentary with subtitles has recently been posted on YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_90xDdqArz8 (07 Feb 2016, video removed). Here’s the original without subtitles
Mestre Pastinha – of Spanish and Bahian origin – consolidated and crystallized Capoeira. He died at the age of 92, blind and forgotten. Forgotten, but not alone. Dona Romélia, Pastinha’s wife, was there for him. She made sure Pastinha got a proper burial and casket, after being sent a pauper’s casket, she sent it back and paid for a better one with the money she made selling acarajé. Mestre Curió was also present during this difficult time, at the end of Pastinha’s life.
Pastinha was in the navy in his youth for 8 years, and while he was there he learned fencing and guitar. Before the navy he had learned painting. After leaving the navy at 21, he did a variety of jobs (painter, builder, delivery), despite wanting to teach Capoeira, which was illegal at the time (1913 to 1934). See a full article below (I’m making a copy, as usual, in case it disappears)
Born on the 5th of April 1889, Pastinha will live for as long as Capoeira lives, in the hearts and minds of those who care about the history and origins of this beautiful art.
Mestre Pastinha Reading List.
* Capoeira Angola – Mestre Pastinha (PDF)
* A Herança de Mestre Pastinha PDF
* The Heritage of Pastinha (English) PDF
* Mestre Pastinha Manuscritos 1
* Mestre Pastinha Manuscritos 2
For further books/articles of Capoeira go to Capoeira Reading List.
It’s also Felix’s birthday, so there was a roda to celebrate both, and here are Felix’s games:
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After our training we heard about the terrorist attack in Paris – live updates from The Guardian, which so far has claimed 120 lives (CNN currently reporting 153 dead), but could still climb higher as there are many injured.
And the ‘jungle’ refugee camp in Calais was heavily affected by many fires, although this has been barely reported (so far only seen it in the Mirror and Daily Mail, hopefully this will change, but the news have been taken over by the Paris attacks). Some of my friends are down there. They have been driving down every so often with things they collect and sort via Dulwich Hamlet FC and other means, and deliver them to the refugees who are in desperate need of help, especially now, with Winter closing in. This fire has left 300+ refugees without tents.
Source https://www.capoeirashop.fr/pt/blog/mestre-pastinha-n5
Mestre PastinhaVicente Ferreira Pastinha, mestre de capoeira e filósofo popular
“Eu nasci pra capoeira, só deixo a capoeira quando eu morrer.
Eu amo o jogo da capoeira. E não há outra coisa melhor na minha vida do que a capoeira.”
Vicente Ferreira Pastinha
Em 5 de abril de 1889, nascia Vicente Ferreira Pastinha, responsável pela difusão da Capoeira Angola, bem como pela reunião e organização dos princípios e fundamentos de um dos maiores símbolos da cultura brasileira.Filho do espanhol José Señor Pastinha e da baiana Eugênia Maria de Carvalho, nasceu na Rua do Tijolo em Salvador, Bahia.
Na virada do século XIX para o século XX, Pastinha foi apresentado à capoeira, segundo ele próprio, por pura sorte. Quando tinha em torno de 10 anos, em consequência de um arenga de garotos, da qual sempre saía perdendo, conheceu Benedito, preto africano que se tornaria seu mestre.
“A minha vida de criança foi um pouquinho amarga. Encontrei um rival, um menino que era rival meu. Então, nós entrávamos em luta. E, na janela de uma casa, tinha um africano apreciando a minha luta com esse menino. Então quando acabava de brigar, que eu passava, o velho me chamava: ‘Meu filho, vem cá!’ Eu cheguei na janela e ele, então, me disse: ‘Você não pode brigar com aquele menino. Aquele menino é mais ativo do que você. Aquele menino é malandro! Você quer brigar com o menino na raça, mas não pode. O tempo que você vai pra casa empinar raia, você vem aqui pro meu cazuá.’ Então, aceitei o convite do velho, que pegava a me ensinar capoeira. Ginga pr’aqui, ginga pra lá, ginga pr’aqui, ginga pra lá, cai, levanta. Quando ele viu que eu já estava em condições pra corresponder com o menino, ele disse: ‘Você já pode brigar com o menino’. Então, eu saí. Quando eu vinha, a mãe dele via que eu ia passar, gritava: ‘Honorato, aí vem seu, camarada.’ O menino puca. De dentro de casa o menino pulava no meio da rua com o satanás. Aí, pegou a insistir e na hora que eu insisti, pum, passou a mão. Eu saí debaixo. Ele tornou a passar a mão em mim, eu tornei a sair debaixo. Ele disse: ‘Ah, você tá vivo, hein?!’ Ele insistiu a terceira vez, eu aqui rebati a mão dele e sentei-lhe os pés. Ele recebeu, caiu. Tornei a sentar o pé nele, ele tornou a cair. A mãe dele foi e disse: ‘Vê se não vai apanhar!’ Aí eu disse: ‘Vai ver ele apanhar agora!’.”
Tornou-se discípulo de Benedito e passou a frequentar sua casa todos os dias dado o grande interesse que a capoeira tinha conseguido despertar nele. Pastinha aprendeu além das técnicas, a mandinga. Benedito ensinou-lhe tudo o que sabia.
Durante esse período, o menino Pastinha também frequentava o Liceu de Artes e Ofício, onde aprendeu entre outras coisas a arte da pintura. Em 1902, Pastinha entrou para e escola de aprendizes marinheiros, onde passaria oito anos de sua vida. Na Marinha, praticou esgrima (treinou com espada e florete) e estudou música (violão), ao mesmo tempo em que ensinava capoeira a seus companheiros.
Em 1910, aos 21 anos, pede baixa da corporação. De lá já sai como professor de capoeira, atividade a qual decide se dedicar. Nesse período, tinha que ministrar suas aulas às escondidas na sua própria casa, pois a capoeira figurava no Código Penal como atividade proibida, com sujeição a pena de prisão de dois a seis meses, sendo esse período dobrado no caso dos “chefes ou cabeças”.
Foi exatamente o endurecimento da repressão à capoeira que levou Mestre Pastinha a interromper suas aulas. Entre os 1913 e 1934, teve que trabalhar de pintor, pedreiro, entregador de jornais e até tomou conta de casa de jogos.
Em 1941, Pastinha foi convidado por seu antigo aluno, Raimundo Aberrê, a assisti-lo na roda de capoeira da Jinjibirra (Gengibirra). Lá, de acordo com o próprio Pastinha, lhe aguardava uma surpresa:
“No Jinjibirra, tinha um grupo de capoeirista, só tinha mestre, os maiores mestres daqui da Bahia. O Aberrê me convidou pra eu ir assistir a ele jogar, num dia de domingo. Quando eu cheguei lá, ele procurou o dono da capoeira, que era o Amorzinho, que era um guarda civil. Chamou o Amorzinho, o Amorzinho no aperto da minha mão foi e entregou a capoeira pra eu tomar conta, dizendo: ‘Há muito que o esperava para lhe entregar esta capoeira para o senhor mestrar’. Eu ainda tentei me esquivar, me desculpando, porém, tomando a palavra o Sr. Antônio Maré disse-me: ‘Não há jeito, não, Pastinha, é você mesmo quem vai mestrar isto aqui’. Como os camaradas deram-me o seu apoio, aceitei.”
Assumindo a missão de organizar a Capoeira Angola e de devolver a ela seu valor e visibilidade, enfraquecidas pela emergência e popularização da Capoeira Regional, Mestre Pastinha funda o Centro Esportivo Capoeira Angola (CECA), localizado no Largo do Cruzeiro de São Francisco, a primeira escola de Capoeira Angola. Em sua academia, Pastinha adotou um uniforme com as cores de seu time do coração, onde treinou quando rapaz, o preto e o amarelo do Esporte Clube Ypiranga.
Em 1952, o CECA foi oficializado e três anos depois sua sede muda para seu endereço mais famoso: o casarão da Praça do Pelourinho, nº 19. Neste período, Pastinha já estava com 66 anos de idade.
Neste endereço, reuniam-se capoeiristas consagrados como Valdemar da Paixão, Noronha, Maré, Divino, Traíra. O CECA era uma escola de mestres, que transmitia a tradição dos angoleiros. Lá formaram-se outros grandes nomes da capoeira, como Curió, Albertino, Gildo Alfinete, Valdomiro, João Grande e João Pequeno.
Mestre Pastinha sempre prezou pela cordialidade entre seus alunos e pregava que os capoeiristas não deveriam apelar para a violência quando estivessem vadiando (jogando). Ao contrário, sustentava que a calma era a maior aliada do capoeira.
“É o controle do jogo que protege aqueles que o praticam para que não descambe no excesso do vale tudo. Note bem, estou falando em sentido de demonstração, e não de desafio, porque sempre traz consequências às vezes desastrosas. Tira toda a beleza e o brilho da capoeira […]”
Para o Mestre, as pessoas costumam se admirar com a capoeira ao percebem que se trata de uma luta em que “dois camaradas jogam sem egoísmo, sem vaidade. É maravilhosa e educada.”
Mestre João Pequeno, aluno que recebeu do próprio Pastinha a missão de dar continuidade ao CECA e ao seu trabalho, resumiu bem os ensinamentos do maior de todos os angoleiros:
“O capoeirista para bater não precisa encostar o pé. Ele deve ter seu corpo freado, manejado para quando ele levar o pé e vir que o adversário não se defendeu, ele frear antes do pé encostar. Porque quem tá de parte vê que não bateu porque ele não quis. Então para bater não precisa dar pancada no adversário.”
Como reconhecimento por sua contribuição à cultura afro-brasileira, em 1966, Mestre Pastinha realizou o seu sonho de conhecer a África ao representar o Brasil por meio da Capoeira Angola, no 1º Festival Mundial das Artes Negras, em Dacar/Senegal. Como ele já não estava enxergando bem, consequência de uma trombose que atingiu sua visão, não chegou a vadiar em terras africanas.
Apesar desse raro momento de reconhecimento do Estado brasileiro da importância de Pastinha, o Velho Mestre trabalhou e empenhou-se pelo crescimento da Capoeira Angola quase sempre sem qualquer apoio ou incentivo dos órgãos públicos. Ao contrário disso, em 1971, foi vítima do processo de gentrificação (higienização social) que se deu no Pelourinho, local que começava a ser visado pela especulação imobiliária dado o forte apelo turístico do lugar.
Obrigado pela Prefeitura de Salvador a se retirar do casarão, que entraria em processo de restauração, sob a promessa de retornar ao fim desse, Pastinha viu-se forçado a se mudar e nunca mais pôde voltar à famosa sede do CECA, que deu lugar a um restaurante do SENAC.
Segundo Mestre Curió, aluno de Pastinha, com muita resistência deram um espaço para a academia na Ladeira do Ferrão, conhecida como Ladeira do Mijo.
Com esse ato de destrato e desconsideração, Mestre Pastinha entrou em depressão e teve uma forte piora de sua saúde física. Pastinha viveu seus últimos dias morando num quarto escuro e úmido, na Rua Alfredo Brito n° 14, no Pelourinho. Além da terceira esposa, Maria Romélia, poucos foram os que ajudaram o Mestre.
Após esse período foi enviado para o abrigo para idosos Dom Pedro II, onde permaneceu até a sua morte. Mestre Pastinha morreu cego, quase paralítico e abandonado, no dia 13 de novembro de 1981, aos 92 anos. O Brasil perdia um dos seus maiores mestres. Não só o mestre da Capoeira Angola, mas o mestre da filosofia popular.
O grande escritor Jorge Amado, admirador de Mestre Pastinha e também um dos que lhe deram suporte em momentos difíceis de sua vida, dizia que ele não era apenas um praticante da capoeira, mas um teórico dela. Em seu livro Capoeira Angola (1965), Pastinha defendia a natureza não violenta do jogo e afirmava que a capoeira conferia dignidade, honradez e decência aos seus praticantes.
Capoeira, patrimônio cultural
A história de vida e os ensinamentos de Mestre Pastinha, junto com a de outros mestres, que tenham sido seus alunos ou não, da Capoeira Angola ou Regional, motivou outras pessoas a praticar a capoeira, que se disseminou pelo país e pelo mundo, tornando-se um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
A complexidade e expressividade da capoeira levaram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a registrar a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira como patrimônios culturais imateriais brasileiros, em 2008, estando inscritos, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes, respectivamente.
Seis anos depois, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) conferiu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Até os dias de hoje, o nome de Mestre Pastinha é reverenciado onde quer que haja uma roda de capoeira.
Fonte
http://www.palmares.gov.br/?p=53861
MESTRE PASTINHA E SUA ESPOSA DONA ROMÉLIA – TEXTO: BOA ALMAEssa foto foi tirada no ano de 1964. O cenário é a casa do escritor Jorge Amado. Na ocasião, o M. Pastinha e sua esposa foram a casa do ilustre amigo, não como uma visita de rotina, mas levar o rascunhos do seu livro. Os Manuscritos do M. Pastinha. Os rascunhos foram cuidadosamente e carinhosamente analisados por Jorge que anos mais tarde os levou a Fred Abreu. Nascendo assim o famoso livro do mestre.
DONA ROMÉLIA
Maria Romélia da Costa Oliveira(D. Romélia/D. Nicinha). Foi a ultima companheira do M. Pastinha, a mesma esteve fielmente ao lado do Mestre no pior momento de toda a sua história. Pastinha estava Cego, abandonado e jogado as traças no asilo 2 de julho, e lá estava D. Romélia, trocando fraldas, dando banho vendendo acarajé para comprar a comida do mestre e ajudar nos remedios. Jorge Amado havia conseguido junto ao governo uma pensão mas não era o suficiente. D. Romélia também contou com a ajuda do fiél discipulo M. Curió que nunca abandonou o velho mestre nesse momento conturbado.“Quando ele morreu, mandaram um caixão de indigente. De indigente! Eu devolvi, cheguei na decorativa, tomei um caixão (que ele não merecia aquele caixão) e sentei no tabuleiro, paguei todo. Graças a Deus eu vendia acarajé. Isto que pagava a funerária”.
Fonte.
Maria Romélia (mulher de M Pastinha) no filme Pastinha! Uma vida pela capoeira, 1998
Créditos;
.Pastinha uma vida pela capoeira/doc. Audio visual;1998.
.O abc dos velhos mestres da capoeira/blog
.Os Manuscritos do Mestre Pastinha/Fred Abreu
.Helina Hautavauara. 1964
Texto
Antônio Luiz Campos(boa alma)
Source: https://www.capoeiranews.com.br/2019/11/mestre-pastinha-e-sua-esposa-dona.html